Edição do dia 16/01/2018

16/01/2018 21h42 - Atualizado em 16/01/2018 21h45

OMS passa a considerar SP área de risco de contágio de febre amarela

Vacinação fracionada foi antecipada no estado. Nos últimos seis meses e meio, 35 casos foram confirmados no país, com 20 mortes.

O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça-feira (16), um balanço da febre amarela no Brasil. Nos últimos seis meses e meio, 35 casos foram confirmados. Vinte pessoas morreram por causa da doença. No levantamento da semana passada, eram quatro mortes. Os estados que mais registraram casos de febre amarela foram São Paulo e Minas Gerais.

A Organização Mundial da Saúde passou a considerar todo o estado de São Paulo, inclusive a capital, como área de risco de contágio de febre amarela. Também nesta terça, o governo do estado anunciou que vai antecipar a vacinação com a dose fracionada.

Nem mesmo o anúncio da antecipação da vacinação fracionada diminuiu o tamanho das filas nos postos de saúde. Em São Paulo, a vacinação fracionada começa no dia 29 de janeiro e vai até 17 de fevereiro. A meta é imunizar oito milhões de pessoas em 54 cidades.

Quase ao mesmo tempo em que o governo de São Paulo anunciava a antecipação da campanha de vacinação, a Organização Mundial da Saúde emitiu um comunicado em que classifica todo o estado de São Paulo como área de risco de contágio por febre amarela. Antes, só algumas áreas de risco no interior tinham essa classificação. A partir de agora, qualquer estrangeiro que vier para qualquer região do estado de São Paulo, terá que antes se vacinar.

O secretário da Saúde de São Paulo disse que não houve negligência do estado. “Nosso planejamento está mantido, esse planejamento vem sendo feito há dois anos. É claro que que as coisas evoluem. A estrutura, o planejamento do estado não muda em nada com a recomendação da OMS. O que a OMS fez eu entendo como absolutamente adequado e normal”, destaca David Uip, secretário estadual da Saúde-SP.

Além de São Paulo, a vacina para os estrangeiros é recomendada pela OMS para as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Maranhão. E também parte dos estados da região Sul, da Bahia e do Piauí. A vacinação deve ser feita ao menos dez dias antes da viagem.

Hoje, 135 países exigem a vacina de qualquer viajantes. E, nesses casos, não vale a vacina fracionada. Tem que ser a integral. Gabriel vai para a Austrália e descobriu, no ambulatório do Hospital das Clínicas, que não precisa se vacinar mais. Ele tomou uma dose integral em 1999. A médica disse que ele está protegido contra a doença. “Vim tirar a dúvida e realmente ela é válida então posso sair e emitir meu certificado internacional e ir viajar”, conta Gabriel Nabuco, administrador.

Mas atenção: quem tomar a dose fracionada e decidir, depois, viajar para um dos países que exigem vacina, terá que esperar um mês para tomar a dose integral e, assim, conseguir o certificado internacional de vacinação. “Tem um prazo de segurança que é de um mês entre a fracionada e integral porque provavelmente interferira na resposta inflamatória”, destaca o secretário de Saúde de SP.

A doença vem se espalhando pelo Brasil nos últimos anos. O monitoramento da febre amarela silvestre feito pelo Ministério da Saúde mostra que entre julho de 2014 e junho de 2015, a doença estava concentrada na região Norte do Brasil. No período seguinte, de 2015 a 2016, a transmissão chegou ao Centro-Oeste brasileiro. Na sequência, ocorreu o surto mais expressivo no país, que afetou principalmente a região Sudeste, com quase 800 casos de febre amarela silvestre e 262 mortes.

Nesta terça (16), em Brasília, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Figueiredo Nardi, descartou um surto de febre amarela no Brasil. “Neste momento, nós não estamos falando de surto. Nós estamos falando de um aumento de incidência da doença nesses estados”, afirmou.

Esclarecimento
O Jornal Nacional informou que a Organização Mundial da Saúde passou a considerar todo o estado de São Paulo como aérea de risco de febre amarela. Especialistas na doença, ouvidos pelo Jornal Nacional, explicaram que a decisão da OMS não quer dizer que haja perigo de contágio na capital paulista. A razão é a seguinte: como as autoridades de outros países não podem saber qual área de São Paulo cada viajante irá visitar, a praxe da organização internacional é incluir todo o estado na medida, mesmo em lugares que não sejam foco da doença.