Catumbela - O académico e engenheiro ambiental angolano Isaac Sassoma defendeu, nesta quinta-feira, no município da Catumbela, província de Benguela, a responsabilização civil e criminal dos cidadãos que insistem em poluir com resíduos perigosos o meio ambiente.
Segundo Isaac Sassoma, que falava à Angop, a margem da palestra sobre “Saneamento Básico, Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos”, os resíduos perigosos, tais como o lixo hospitalar, óleos de motores e usados na lavagem de viaturas, baterias, chapas de raio-X e lixo electrónico, em contacto com o meio ambiente, constituem um risco e um atentado à saúde pública.
Como exemplo, informou que se as estações de lavagem e parafinação de viaturas estiverem à beira de um rio, podem contaminar a água para beber e irrigação dos campos agrícolas.
Alertou os cidadãos de que o acúmulo de resíduos sólidos provoca a emissão de odores nocivos, a proliferação de insectos e roedores que podem transmitir doenças aos seres humanos.
O especialista ambiental salientou que a gestão correcta do lixo começa com o tratamento dos resíduos sólidos, sobretudo na recolha e separação do mesmo, criação de um ecocentro, bem como de uma unidade de tratamento para a reciclagem.
“As cidades mais limpas não são as que se varrem todos os dias, mas as que menos sujam”, disse o académico angolano formado em engenharia ambiental pela Universidade Estadual Paulista, na República Federativa do Brasil, que criticou as administrações municipais por muitas vezes confundirem lixeira controlada com aterro sanitário.
O docente pediu ainda mais transparência e seriedade nos concursos que seleccionam as empresas de recolha de resíduos sólidos, com vista a efectuarem um trabalho digno e contribuírem na melhoria da imagem das cidades.
Realçou que o artigo 39º da Constituição da República de Angola consagra o direito ao ambiente, que deve ser cuidado e saudável.
Por seu turno, o 2º comandante provincial adjunto do Comando dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, intendente Júlio Tonecas, ao dissertar sobre “Estratégias de redução de riscos de inundação no município da Catumbela”, defendeu a necessidade urgente de se construir uma bacia de retenção das águas pluviais.
Júlio Tonecas afirmou que as cheias e inundações acontecem sobretudo quando os solos se encontram saturados, por falta de vegetação e desassoreamento, crescimento populacional e construção ao nível das águas.
O também mestre em geociência exemplificou que o bairro da Tata sofreu com as últimas enxurradas do dia 16 de Março, em consequência de construções desordenadas em zonas de risco.
“A chuva é um bem para os camponeses e o que as autoridades governativas têm que fazer é construir de imediato sistemas de drenagem para que as águas saiam dos bairros e possam desaguar no mar”, disse.
A palestra, promovida pela Administração Municipal da Catumbela, contou com a presença dos administradores comunais, directores municipais, autoridades tradicionais, efectivos da Polícia Nacional, alunos de diversas escolas e convidados.
Fonte: ANGOP
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