Nos recentes posts sobre o viés emocional do meu ofício de tradutora pública juramentada, detalhei casos reais que mais me marcaram nos últimos meses, mas, na verdade, tenho certeza de que toda tradução juramentada carrega consigo, para terras longínquas, uma esperança de crescimento educacional e profissional e, arrisco dizer, sempre acompanhada por uma carga emocional muito grande. Se pessoalmente eu já passei por isso na virada do século XXI quando fui complementar meus estudos de literatura comparada nos Estados Unidos por somente 6 meses e com data de retorno, em tempos bem mais tranquilos do que os de hoje, imagino o que passam os jovens que, muitas vezes inseguros em seu próprio país, deixam o Brasil com intenção de se estabelecer em terras estrangeiras, não raro geladas, estranhas, de costumes tão diferentes dos seus e tão distantes de suas famílias. Evidentemente há sempre um ganho em suas investidas intelectuais, valores que sempre serão seus e que permanecerão como um tesouro de experiências jamais vivenciadas em seu país de origem. Já testemunhei alegria, ansiedade, incerteza e até tristeza nos olhos dos requerentes de minhas traduções juramentadas, frequentemente com muita pressa de acertar, além de premidos pelo tempo escasso que geralmente lhes resta para entregar toda a documentação aos órgãos envolvidos. Fico ainda observando com tristeza essa fuga de cérebros formados no Brasil, pessoas que provavelmente não pretendem retornar à sua terra natal, mas, ao mesmo tempo, me vem uma boa dose de alegria de pensar que esses mesmos poderão encontrar caminhos alternativos nunca imaginados se permanecessem por aqui.