• Álvaro Oppermann
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Mesa bagunçada (Foto: Thinkstock)

Uma certa desordem também faz bem ao escritório (Foto: Thinkstock)

Quando o economista comportamental Tim Harford, colunista do jornal inglês Financial Times, lançou seu último livro, vários executivos agradeceram comovidos. A obra Messy: The Power of Disorder to Transform Our Lives (“Bagunçado: o poder da desordem para transformar nossas vidas”, inédito no Brasil) aliviou o sentimento de culpa de uma turma grande do mercado corporativo.

Segundo Harford, eram pessoas brilhantes, mas que carregavam o estigma da desordem em suas vidas, tanto pessoal quanto profissional. Porém, diz o autor, quem faz as pazes com o seu caos interior está mais bem equipado para lidar com a natureza intrínseca dos negócios: improvisada, imperfeita, muitas vezes incoerente, ambígua, até suja. Há uma correlação, diz o autor, entre a desorganização e o sucesso profissional.

O lendário produtor musical Brian Eno (responsável por clássicos de David Bowie, U2 e Coldplay, entre outros) era mestre na criação de situações caóticas intencionais no estúdio, como fazer os músicos trocarem de instrumentos. Isso gerava frustração e irritação. Phil Collins, então baterista do Genesis, chegou a arremessar uma latinha de cerveja na cabeça do produtor numa dessas trocas. “Mas o resultado final sempre foi extraordinário. O clima caótico na gravação despertava a criatividade musical”, diz Harford. Uma certa desordem também faz bem ao escritório.

Por fim, sentir-se à vontade diante do caos é condição essencial à improvisação. Quando a Amazon foi fundada, em 1994, executivos da empresa aconselharam Jeff Bezos a retardar o lançamento da loja. Bezos fincou pé: “Ok, nosso sistema não está pronto, os galpões não estão prontos. Mas vamos ter de improvisar. Se esperarmos para quando tudo estiver perfeito, já teremos sido engolidos pela Barnes & Noble”.