Seria Stranger Things uma obra de arte do algoritmo da Netflix?

Seria Stranger Things uma obra de arte do algoritmo da Netflix?

Matei Stranger Things no último final de semana, sete dias após o seu lançamento na Netflix, tomado pelos milhares posts nostálgicos que floodaram minhas redes sociais sobre a série que emula os filmes de aventura infantil dos anos 80. Antes de ser mais um a dizer que os criadores foram geniais ao colocarem em 8 episódios todos os nossos filmes favoritos de infância, ninguém chegou a pensar que essa série talvez seja a maior obra de arte do algoritmo da Netflix?

Pensem aqui: com base nos hábitos de seus assinantes, há cinco anos o algoritmo deles mostrou que os filmes do Kevin Spacey eram muito vistos, assim como os dirigidos por David Fincher, e que uma série britânica dos anos 90 sobre os bastidores sujos do Parlamento tinha uma interessante legião de seguidores. Daí saiu a adaptação americana para House of Cards.

Desta vez temos uma série que costurou ET com Conta Comigo, Alien com Carrie, Contatos Imediatos do Terceiro Grau com Evil Dead, Goonies com Poltergeist, Além da Imaginação com Chamas da Vingança... Tudo isso estrelado por dois dos atores mais populares da década perdida: Winona Ryder e Matthew Modine.

A Netflix costuma se fechar quando o assunto é a maneira como eles exploram dados e criam produtos a partir dos insights que o big data sugere. O algoritmo deles, que já ajudou (mas não é crucial, deixemos claro) a ressuscitar seriados como Arrested Development e Full House, além de estreitar cada vez mais a parceria com a Marvel Studios (vide a penca de novas séries anunciadas na Comic-Con), é algo tão valioso dentro da empresa que ela criou internamente o Netflix Prize, que justamente premia quem melhorar a capacidade daqueles números darem previsões de consumo. Em 2013, 75% dos assinantes escolhiam o que assistir ali dentro por base das recomendações da empresa.  E hoje? A Netflix não divulga. Uma de minhas frases favoritas sobre a empresa, por sinal, é a de que há "33 milhões de versões diferentes da Netflix".

Conhecendo um pouco como a Netflix analisa todos os nossos hábitos ali, aposto um quindim que tem muito big data por trás de Stranger Things. E que nenhuma das 99973 referências da série estão ali por acaso. Basta ver a reação apaixonada de todo mundo nas redes sociais na semana passada.

* Crédito da montagem: Ligado em Série.

Stevan Lekitsch

Jornalista, Escritor, Dramaturgo e Assessor de Imprensa. 40 anos em função das palavras...

7y

Seus textos são excelentes! Também escrevi sobre Stranger Things!

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Diego Garcia

Product Manager na Brasil Paralelo

7y

Argumentar isso seria desmerecer o talento dos criadores, Matt e Ross Duffer. Em entrevista, eles comentaram que o projeto é antigo e no formato como foi escrito houveram tentativas de "vender" o projeto para outras emissoras, porém haviam concessões quanto a roteiro e até mesmo os personagens (tipo tirar as crianças) onde eles não concordaram, até que chegaram a Netflix, e certamente houve uma comparação com este aclamado algoritmo, para que existisse uma possibilidade de validar a ideia. Neste caso, validada essa ideia, se deu inicio ao projeto, resultado ao qual nos apaixonamos. Boas coincidências do destino...

Thiago Antoniolli

Gerente Comercial | Osmose Reversa | Filtração e Purificação de Água | Componentes para Equipamentos para Tratamento de Água

7y
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Renan Nobles

Coordenador de Tecnologia

7y

Mas quem garante que o Netflix não aceitou produzir a série depois de ver que as ideias dela batiam com as informações do algorítimo?

Fabio Marques

Product Development Leader at Ericsson

7y

Nada a ver esse texto. A série foi concebida e desenvolvida independentemente, fora da Netflix, e foi recusada por mais de 15 redes antes de receber o sim pra ser produzida na Netflix: http://consequenceofsound.net/2016/08/stranger-things-was-rejected-by-15-to-20-networks-before-landing-on-netflix/

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