A dimensão social da hospitalização privada

Por algum motivo os hospitais privados estão a ter êxito e a sua procura não tem parado de crescer

Durante muitos anos a hospitalização privada viveu associada a uma medicina cara, elitista e destinada a classes favorecidas.

Com o advento dos seguros de saúde e dos subsistemas de saúde, os hospitais privados passaram a ser unidades hospitalares dotadas de excelentes recursos humanos e técnicos, onde se pratica a mais moderna medicina, numa perspetiva de liberdade de escolha e concorrência, proporcionando um acesso crescente a milhões de portugueses. Nas unidades privadas portuguesas pratica-se todo o tipo de atos de uma forma integrada e o doente está no centro de toda a actividade: é a razão da sua existência e o decisor final do seu êxito.

Além do mais, a sua gestão, sendo rigorosa, permite custos muito mais contidos do que quando o acionista ou o patrão mora longe ou distante – como o Estado. Um hospital privado sujeita-se ao ciclo de vida de qualquer empresa e a sua sobrevivência ou êxito reside na capacidade de captar clientes.

Os investimentos realizados não emanam de dinheiros públicos, mas da aposta dos acionistas, que esperam um retorno natural e à proporção da confiança depositada na atividade.

Os hospitais privados fazem milhões de consultas, centenas de milhares de operações, milhares de internamentos a custos médios bem menores que os praticados pelos hospitais públicos, que o cidadão não sente diretamente mas que se refletem no aumento brutal da carga fiscal e no deficit público responsável pela nossa pré-falência.

Os hospitais privados, ao resolverem de modo eficiente, com acessibilidade fácil e desburocratizada e com elevados padrões de qualidade os problemas de saúde a mais de três milhões de portugueses, estão a ter um desempenho social que muitas vezes não é tido em consideração. Que seria das unidades públicas se todos os beneficiários dos subsistemas de saúde ou de seguros desaguassem nos hospitais públicos? Então, sim, teríamos listas de espera infinitas e muitos doentes condenados. Esta constatação representa a atual verdadeira dimensão social do setor privado da saúde.

Muitos ainda pensam que o SNS, formatado pelos bons princípios de há 30 anos, ainda poderá resolver os problemas de saúde de todos os portugueses, bastando uma melhor gestão. Nada mais errado: o problema do SNS radica na sua paragem no tempo. O SNS não evoluiu com a sociedade, vive de nublosas e quimeras e não aceita que o doente seja soberano. A sua melhor gestão é impossível quando os princípios são coletivistas e não se aceita a evidência de que um mercado, com ou sem fins lucrativos, pode ser solidário e ter uma expressão social.

Por algum motivo os hospitais privados estão a ter êxito. A sua procura não tem parado de crescer! Deve-se à sua qualidade e postura transparente, mas, acima de tudo, ao reconhecimento da sua função social: boas práticas, preços justos e respeito absoluto pela opção livre que cidadãos, seus clientes, fizeram. Por algum motivo, apesar dos injustos agravamentos nos descontos dos funcionários públicos para a ADSE, estes optaram por manter o estatuto de beneficiários. Que os decisores políticos meditem nesta lição!

Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP)

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