Cartões SIMs virtuais: saiba mais sobre essa tendência

Engenheiros que estavam trabalhando em formas de melhorar as tecnologias de legado dos celulares, tiveram uma ideia baseada na necessidade (ou falta dela) de um SIM físico, já que no

Engenheiros que estavam trabalhando em formas de melhorar as tecnologias de legado dos celulares, tiveram uma ideia baseada na necessidade (ou falta dela) de um SIM físico, já que no fim das contas, não passam de um armazenador de dados protegido, associado a uma unidade de processamento. Esses tipos de dispositivos de armazenamento podem ser colocados na memória interna do aparelho, de modo que a produção, venda e substituição de cartões SIMs não seriam mais necessárias, tornando-os uma tecnologia de legado com prazo de validade.

Nesse caso, estaríamos praticamente acabando com os telefones programáveis que existiram nos tempos das redes DAMPS ou CDMA-800. Um dos benefícios do padrão GSM é sua independência. A única necessidade que separa um dono de aparelho de um dispositivo customizado é a inserção de um cartão SIM. O dono não precisar ir a lugar nenhum.

Essa abordagem era conveniente quando os usuários usavam apenas um cartão SIM. Hoje, os aparelhos suportam dois ou três chips (ou mais), sem mencionar tablets, modems USN, e outros dispositivos conectados. Alguns usuários usam diversos chips, principalmente, para acessar a Internet devido a conexão instável e os limites dos pacotes de dados, assim como para driblar os altos preços das ligações entre operadoras diferentes. Sem falar em roaming.

A primeira coisa que um viajante faz ao cruzar a fronteira de um país é comprar um SIM local para continuar online. E por que não usar o plano de roaming da operadora original? Porque são caros! O princípio do roaming é manter o número para chamadas de voz no exterior. Mas não há necessidade de preservar o número no que diz respeito a conectividade com a internet, por isso que todo mundo acaba comprando SIMs locais.

Esse cenário também não é muito conveniente. Precisamos entender os termos e taxas do plano de dados, muitas vezes na língua local, encontrar um lugar que venda chips, explicar nossas necessidades e ainda podemos cair em alguma cilada e continuar pagando pelo serviço.

Isso não é problema caso trate-se de um país no qual a operadora tenha pontos de venda por toda parte – como na Rússia, Brasil ou China, mas em outros a experiência pode ser bem diferente. Lembro-me como se fosse ontem de como embarquei em uma jornada desesperada pelos subúrbios de San Diego procurando por um cartão SIM e depois ainda precisei procurar uma forma de acessar a rede virtual da operadora para ativá-lo. Foi uma correria só. Teve ainda outra ocasião na Grécia, em que a operadora mais próxima estava quase dez quilômetros ladeira acima. A loja só abria dois dias por semana, duas horas antes e depois da siesta.

Frequentemente, o processo de compra de um SIM é complicado tanto para operadora quanto para o cliente. A operadora lida com todos os custos associados a conectar o usuário (pacotes de início, logística, entrega do serviço, entre outros), enquanto o usuário dificilmente passa duas semanas com o cartão SIM.

Para começo de conversa essas são as razões pelas quais os cartões SIMs virtuais foram criados. A ideia é simples: existe uma parte protegida na memória interna do dispositivo, assim como em um cartão SIM regular. Porém, todos os dados são baixados por um canal de rádio, incluindo identificações armazenadas na base de dados de HLR da operadora, que chegam ao dispositivo por um canal seguro. Basicamente, é isso.

Pensemos na seguinte analogia. Você comprou um SIM numa loja, mas os conteúdos chegam até você pelo ar. É que nem baixar música pelo iTunes, ao invés de comprar o CD em uma loja.

Do ponto de vista da tecnologia, a implementação também é simples. Para evitar confusão, seu cartão continua no mesmo lugar. Nesse caso ele fica vazio de dados, possuindo apenas alguma memória que pode ser reescrita.

Essa funcionalidade é usada nos iPads lançados recentemente. Pode-se comprar o chip vazio da Apple e baixar os dados de qualquer operadora nele. Para o Reino Unido e os Estados Unidos, planos de dados locais estão disponíveis, já para outras regiões existem os cartões SIMs para turistas, como o GigSky.

Infelizmente, os planos de dados do GigSky são quase tão caros quanto as tarifas de roaming e a tecnologia em si ainda pode melhorar. O Apple SIM conseguiria amadurecer caso a Apple negociasse termos globais com as maiores operadoras. A Microsoft também está trabalhando em uma iniciativa parecida (o aplicativo Cellular Data já está disponível na Windows Store).

Já o Google está desenvolvendo o próprio projeto com um conceito diferente, disponível apenas nos EUA. A ideia é a seguinte: o celular é capaz de se conectar com a melhor rede disponível, então o aparelho é essencialmente conectado com uma operadora virtual. No entanto, os usuários do Project Fi podem acessar a internet em mais de 120 outros países sob condições similares – de limitação de tráfego. Essa iniciativa está no começo, mas agora está disponível a todos os americanos sem a necessidade de convite como antes.

Outra iniciativa ainda mais interessante, a VSCA (Virtual SIM Card Alliance) é um serviço de nuvem para a gestão de cartões SIM, baseado nas especificações de fornecimento de SIM remoto aprovadas pela GSMA. É utilizado por operadoras que possuem o perfil de SIM virtuais e agregados, incluindo OEMs, agências de viagem e por aí vai. Um cartão SIM virtual, independente de características geográficas, estaria disponível por meio de um aplicativo, e o chip físico continuaria sendo vendido em lojas.

A ideia depende do envolvimento da operadora. Até agora, elas se mostraram relutantes. Primeiro, elas não querem perder os lucros vindos do uso de roaming. Segundo, temem se tornar um simples canal de fornecimento de internet, com marcas sem expressão. Sabemos bem como o valor das marcas é importante.

A nova discussão que tem começado a ganhar espaço é chamada “Local Breakout“. De acordo com esse princípio, as redes LTE ofereceriam roaming sem a necessidade de ligação com a rede doméstica, o que diminuiria imensamente o custo primário do tráfego. Mas isso é outra história. O futuro muito provavelmente está no padrão eSIM. Basicamente, ele é um cartão SIM virtual que não precisa de um chip físico de plástico, sendo baixado direto na memória do telefone.

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