Mais conectado, menos seguro: vulnerabilidades da Internet das coisas

Há um ano, nosso colega David Jacoby, um pesquisador do GReAT (Global Research & Analysis Team), conseguiu hackear sua própria casa e descobriu muitas coisas curiosas. O experimento de David

Há um ano, nosso colega David Jacoby, um pesquisador do GReAT (Global Research & Analysis Team), conseguiu hackear sua própria casa e descobriu muitas coisas curiosas. O experimento de David inspirou muitos dos funcionários da Kaspersky Lab pelo mundo. Inclusive, vários decidiram fazer o mesmo experimento em suas próprias casas.

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Sobrevivendo às ameaças da Internet
Para achar bugs, escolhemos diversos dispositivos populares da Internet das Coisas (IoT), como o Google Chrome cast – um dongle USB para streaming de vídeo, uma câmera IP, uma máquina de café inteligente e um sistema de segurança doméstica – todos podem ser controlados por um aplicativo de smartphone. Os modelos e dispositivos foram escolhidos aleatoriamente, sem considerar os distribuidores.

Nosso experimento provou que TODOS os objetos eram hackeáveis ou poderiam ser facilmente comprometidos e usados como vínculo por hackers. Reportamos as vulnerabilidades para os fabricantes. Até agora, alguns produtos já devem ter sido corrigidos. Outros permaneceram vulneráveis.

Chromecast
Os criadores do Google Chromecast deixaram um bug, que permite a um hacker transmitir seus próprios “programas” de TV – qualquer coisa, de propagandas até filmes assustadores ou fotos bizarras.

Depois que o hacker desvendasse como entrar no seu dispositivo, ele poderia continuar a manipular a experiência do usuário. Isso duraria quanto tempo ele quisesse, ou até que o usuário comprasse outro dongle, ou voltasse para a TV à cabo.

Se o hacker estiver armado com uma antena direcional, ele poderia interromper seu programa favorito em um momento inoportuno, sem ter de estar perto – o que o torna praticamente irrastreável. Essa vulnerabilidade no Chromecast existe há tempos e ainda permanece não corrigida.

Câmera IP
A câmera IP testada era na verdade uma babá eletrônica controlada pelo smartphone. Inclusive, esses dispositivos já foram hackeados em 2013 e ainda continuam sendo alvo de ataques. O modelo escolhido foi produzido em 2015 e, ainda assim, descobrimos alguns bugs.
Alterando um aplicativo padrão de babá eletrônica, hackers descobriram o endereço de e-mail dos clientes da companhia. Como a maioria dos donos de câmeras são pais, essa database seria bem atraente para phishers lançarem campanhas direcionadas.

Outras falhas permitiram nossos pesquisadores controlarem completamente a câmera: o que permitiria a alguém ver e ouvir o que está acontecendo no quarto, executar arquivos de áudio no dispositivo ou modificar o software da câmera, o que significa se tornar o único capaz de comandá-lo. Reportamos as vulnerabilidades para o fabricante e ajudamos nos pacotes de correção.

Aceita um café?
Bem, os significados das alterações nas nossas vidas por meio das invasões no Chromecast dongle e nas babás eletrônicas são relativamente diretos. Mas o que há de errado com a máquina de café? Acontece que esse eletrodoméstico pode ser uma ótima forma de ser espionado, deixando que a senha do Wi-Fi da sua casa disponível para pessoas mal intencionadas.

Surpreendentemente, o problema se mostrou bem difícil de resolver, então o fabricante ainda não conseguiu consertar o bug. A situação não é grave: a janela de oportunidade para um hacker só permanece aberta por meros minutos. No entanto, o problema permanece mesmo que você mudasse a senha do Wi-Fi – a cafeteira vai fornecer a senha repetidamente.

Segurança doméstica
O sistema de segurança também perdeu a briga. Curiosamente nossa experiência não ajudou aqui – na verdade, foram conhecimentos de física básica que fizeram acontecer. O sistema emprega sensores especiais para monitorar o campo magnético, que é gerado pelo imã na fechadura. Uma vez que um bandido abre a janela ou a porta o campo magnético sofre alterações e o sensor dispara um alerta.

Alguém pode usar imãs simples para preservar o campo magnético mesmo com portas e janelas abertas, e a partir daí invadir a casa. Esse é um problema bem conhecido, pois sensores similares são usados em sistemas de segurança populares. Além disso, um pacote de atualização não ajudaria nisso – a própria abordagem deveria mudar fundamentalmente.

Falando de softwares, esse sistema foi absolutamente capaz de resistir ciberataques de ladrões que se deram mal em física no colégio.

Para minimizar o risco e deixar sua casa mais segura, siga as seguintes recomendações:

  • Ao escolher qual aspecto da sua vida você quer deixar mais digital, pense na segurança em primeiro lugar. Você tem muitos itens de valor na sua casa? Então escolha o sistema de segurança mais robusto, associado com um sistema anti-invasão controlado por smartphone com o alarme tradicional. Se você vai usar um dispositivo que poderia fornecer acesso à vida privada de sua família (como babás eletrônicas) escolha um modelo simples que transmita som por ondas de rádio não por meio da rede de IP.
  • Se a abordagem acima não funcionar para você, escolha um dispositivo corretamente. Antes de ir a loja, pesquise online sobre o dispositivo que você está interessado, prestando atenção nas noticiais relevante sobre bugs e pacotes de atualização.
  • Não compre modelos mais recentes. Usualmente, novos dispositivos são vendidos com bugs que ainda não foram descobertos por pesquisadores. Tente escolher dispositivos que tenham reputação comprovada.
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